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#EducaçãoEmDebate

Neurociência, Metodologias e Tecnologias

Por Laércio Sérgio dos Santos
Laptop e celular

Educação em tempos de pandemia de Covid-19


Eu acredito no poder transformador da educação.


A pandemia de Covid-19, que tão rapidamente se espalhou pelo planeta, forçou-nos a optar pelo afastamento social, como maneira de proteger a nós e a nossos familiares e amigos, e forma de demonstrar o amor ao próximo. A situação é atípica, e afeta toda a sociedade com consequências ainda não previstas de forma clara, mas que com certeza, serão impactantes. É certo que o mundo não será o mesmo após vencer esse desafio.
 

A escola é um microcosmo que espelha a sociedade em suas relações sociais. Dessa forma, é inegável que os efeitos do afastamento social, em seus diferentes níveis, refletirão no ambiente escolar. No caso do Estado de São Paulo, o afastamento social teve o objetivo de reduzir o contágio. Crianças e adolescentes são vetores de contágio, ou seja, podem não sofrer tanto com os sintomas da Covid, mas são potenciais transmissores aos seus familiares e, consequentemente, poderiam infectar pessoas do grupo de risco, agravando a situação pandêmica. Diante disso, manter os alunos em casa tornou-se uma questão sanitária inevitável. É nesse contexto que se desenrola a questão do uso das tecnologias online para auxiliar os educadores e alunos a passar por este delicado momento.
 

A interrupção abrupta das aulas sem que nada seja feito para minimizar os prejuízos pedagógicos decorrentes, seria algo desastroso. E é nesse aspecto que os esforços para conexão online entre professores e alunos, gestores e pais, administração e escolas se concentra. A rigor, não se trata de uma nova forma de se fazer, mas da expansão de uma tecnologia que já estava disponível. Parece que a pandemia nos forçou a aprender a utilizar essas ferramentas e a nos adaptar à realidade que nos é imposta. O desenvolvimento dessas habilidades, nesse momento, se assemelha a um “nascimento a fórceps”. Apesar disso, as ações não são tomadas de improviso, mas há um esforço gigantesco para que as ações sejam respaldadas e responsáveis.
 

O caminho adotado trilha por atividades não presenciais, utilizando Tecnologias de Informação e Comunicação, como forma de minimizar as perdas dentro da educação. A interação, será por meios virtuais, à distância. É obvio que a presença do professor e a experiência dentro da escola são insubstituíveis, mas nesse momento, não temos essas possibilidades. Não olvidamos que qualquer meio digital para proporcionar aulas fora da sala de aula aos alunos, não é algo fácil; exige uma estrutura que não é acessível a todos professores e estudantes. Daí a tentativa de fornecer acesso, mesmo àqueles que tem as maiores dificuldades. Nesse sentido, está a ação do Estado para subsidiar os dados de conexão de forma gratuita para todos os alunos da rede. Além disso, a transmissão de aulas em TV aberta é outro esforço de alcançar os que mais precisam. E de forma alternativa, há ainda material impresso para aqueles que
não conseguem acesso de forma virtual.

 

As ações adotadas visam diminuir os prejuízos pedagógicos e evitar uma parada total do sistema. Assim, não se trata de substituir a escola por metodologias de educação à distância, uma vez que as ações incluem retorno às aulas e até mesmo, planejamento de ações de recuperações e retomadas. As ações não perdem de vista a inclusão e precisam ser pensadas como modo de fortalecer o trabalho pedagógico, que é o nosso foco nesse momento de fragilidade.
 

É muito importante esclarecer que as atividades remotas a serem desenvolvidas, não são implementação da modalidade de educação à distância, a despeito da permissão legal para existência dessa modalidade. Todo o regramento infralegal publicado para a tomada dessas ações, se restringe exclusivamente ao período em que a pandemia afeta o mundo.
 

Precisamos enfatizar que é necessário unirmos esforços para que haja uma interação constante entre professores e alunos. Isso proporcionará uma forma de aprendizagem diferenciada para além da transmissão de uma aula e expectação por parte dos alunos. As ações de formação e apoio aos professores também devem ser contínuas e a troca de experiências positivas, muito ajudam
na replicabilidade de boas práticas. Além disso, a mútua ajuda entre os pares, pode ser uma excelente ferramenta de apoio para os professores que apresentarem dificuldades com a tecnologia.

 

Os esforços da secretaria da educação vão na tentativa de subsidiar acesso a todos, seja de forma virtual, como o patrocínio dos dados para a conexão ao aplicativo institucional Centro de Mídias e a inserção na programação transmitida em TV aberta; ou na impressão e distribuição de materiais impressos e a busca ativa de modo a tentar estabelecer contato constante com os alunos, respeitando as especificidades da comunidade escolar.
 

Acreditamos que muitos outros atores sociais estão amplamente envolvidos de forma a buscar soluções viáveis de combate à doença; de
recuperação da saúde pública, tanto mental como física; outros dedicados a entender os efeitos e planejar recuperação econômica e social. A nós, profissionais da educação, coube pensar, discutir e agir para continuar aprendendo; não só nas “cadeiras da escola”, mas com a solidariedade demonstrada pelas pessoas; com os esforços de cada ser humano para preservar a vida; com lições maravilhosas que nos tornam mais humanos a cada dia.

 

Iniciamos esse texto falando sobre o poder transformador da educação. Sim, porque é certo que a realidade que nos molda hoje, implicará em mudanças sociais perceptíveis. A Educação não para; ela aprende, se humaniza e se constrói dia a dia. A todos os educadores, parabéns e sigam acreditando!

**Este espaço é reservado para a publicação mensal de artigos de opinião que apresentem experiências e reflexões acerca da educação. O conteúdo do artigo é de inteira responsabilidade do articulista e não reflete, necessariamente, a opinião da APEP.

 

Caso tenha interesse em publicar neste espaço, encaminhe seu texto para: apepeducacaoemdebate@gmail.com

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